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Foto do escritorKAREN BRITTO

Pé Diabético: O que você precisa saber

Atualizado: 1 de jun.


Nessa última semana, tive uma vivência intensa sobre pé diabético – tanto em casos que recebi no hospital, tanto por causa de um evento de educação continuada que tivemos com a equipe de enfermagem nesse fim de semana em um dos serviços que atuo.


Mas, afinal de contas, sempre ouvimos falar, todo mundo comenta – lanço até um desafio: quem não conhece alguém que já disse: “tenho/conheço alguém que já perdeu uma parte do pé ou um membro por causa do diabetes”??


Todo machucado no diabético vai levar a amputação?

O diabético tem mais dificuldade de cicatrização? É isso?


A primeira coisa que nós devemos ter em mente é que o diabetes mellitus é uma doença extremamente prevalente no país, ou seja, todos conhecem alguém que tem diabetes, nem que seja de longe e todos estamos expostos ao risco de um dia nos tornamos diabéticos. Mas todo diabético terá complicações circulatórias periféricas? Não! Continua comigo que eu vou explicar melhor.


O que é esse tão famoso “pé diabético”?


O tão aclamado “pé diabético” precisa ter uma alteração que é fundamental na sua origem, que se chama: neuropatia diabética. Mas o que é isso??

O nosso corpo inteiro precisa de sangue pra sobreviver, incluindo os nossos nervos. O diabetes adora os vasos, por vários mecanismos, desde os vasos grandes até os pequeninos. Quem manda o sangue para os nervos são uns vasinhos chamados vasanervorum.


Esse vasanervorum, quando doente, deixa de levar sangue adequadamente para o nervo, o que faz com que ele adoeça. Tendo a doença no nervo, o paciente tem várias alterações, que vão desde: alterações da proteção e lubrificação da pele, pilificação, assim como a sensibilidade e as características motoras do membro – ou seja, a pisada do paciente.



Ah, então se eu não tiver alteração no nervo, eu não vou ter risco de complicações sendo diabético? Também não é assim.


Como eu disse anteriormente, o diabetes gosta de machucar tanto os vasos grandes como os vasos pequenos – ele pode machucar os vasanervorum fazendo lesão no nervo – mas também pode machucar os vasos grandes.


Vamos fazer um teste!


Sinta o pulso do seu pescoço. O pulso significa que o sangue está indo através das nossas grandes artérias e chegando naquele local. Ou seja, a gente tem pulso palpável (que eu consigo sentir com meus dedos) no pescoço, nos braços e nas pernas. Mas é super comum o diabetes entupir essas artérias também, principalmente as que estão ali abaixo do joelho e o paciente perde o pulso daquela área.

Mas não era sentindo o pulso que a gente sabia que estava vivo?

O nosso corpo é esperto, ele cria novos caminhos pra levar o sangue, mesmo sem o pulso. Mas não é a mesma qualidade.


Complicações


Falamos que a doença se constrói num contexto micro ou macro ou micro e macro – que seria:

Micro: aquele paciente com a alteração do nervo, que leva a alterações de sensibilidade e marcha, fazendo com que haja feridas pela alteração em como se pisa


- Macro: a perda da boa perfusão dos tecidos, ou seja, o sangue chega mal, que atrapalha a cicatrização das feridas (justamente por não chegar sangue suficiente)


- Micro e macro: aquele paciente que tem tanto a alteração dos nervos, quanto a perda daqueles pulsos... ou seja, ele é mais fácil de fazer ferida por alteração da pisada, quanto a dificuldade de cicatrização dessa ferida pela alteração do nervo e pela falta de sangue, pelr a perda do pulso.


Entendendo tudo o que o diabetes pode causar nos nossos membros inferiores (ele pode causar em qualquer lugar: rins, retina, cérebro... mas um dos locais alvos são os vasos periféricos). É necessário compreender que o diabético deve ser examinado desde o seu diagnóstico.


O paciente que chuta a sandália


Uma das primeiras queixas do paciente no consultório é a diminuição/perda de sensibilidade – o paciente chega e conta: “dra, eu ando e chuto a minha sandália.” – que acontece porque ele não sente que está calçando o próprio sapato, além da alteração da pisada.

Neste exato segundo eu sei que é uma doença já avançada e precisa de muitos cuidados pra não começarmos a perder dedos e/ou o membro.

Então o mais importante é que o paciente chegue antes de começar a chutar o próprio sapato. Todo paciente diabético deve consultar uma cirurgia vascular, pois a partir da primeira consulta, já vamos coletar a história e ver se tem algo que me faça pensar em doença do nervo.

Não há o sintoma. Vou checar os pulsos. Se precisar, vamos fazer exames complementares para avaliar como está a saúde vascular do paciente.


E se eu tenho diabetes ou amigo/parente que tem, como eu posso ajudar para que ele não tenha complicações?


Então, a primeira ajuda que você pode dar ao seu amigo é orientá-lo a visitar um cirurgião vascular.

Além disso, orientar a examinar os pés todos os dias: todo diabético precisa olhar os pés de manhã e a noite – acredite, um diabético pisa num prego e não sente a dor. Se você vir um ferimento no pé do seu conhecido, não ache que ele sabe, avise-o ativamente, diga: “amigo, você viu esse machucado no seu pé?” – porque pode ser que ele nem tenha se dado conta dele.

Oriente seu amigo a seguir o tratamento do diabetes, porque a melhor forma de prevenção do dano nos vasos é o controle da glicemia, quanto mais alta ela fica, mais os vasos machucam, mais o nervo é lesado.


“Ah dra, mas então eu sou mulher, diabética e quero usar aquele meu salto bonito pra ir numa festa, eu não posso?”


Claro que pode, não é um uso que vai te fazer mal, mas é reparar naquele nosso sapato do dia a dia que vai machucando sem nem fazer perceber.


A vida pode ser “normal” sim com diabetes, só precisamos saber que existem alguns cuidados que precisamos tomar – ou seja, ORIENTAÇÃO e CONHECIMENTO são a chave de evitarmos problemas.


Vem me ver no consultório, vem bater um papo e eu te dou todas essas orientações, te examino e entendo as necessidades que VOCÊ tem para o seu diabetes em relação a sua saúde vascular.


E se tiver duvidas, só me mandar.

Pode mandar por aqui no e-mail ou por DM no Instagram.

Fica com dúvidas não!!

Estou te esperando.

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